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19 de Abril de 2024

Empregada é demitida por justa causa em razão de postagens em rede social

há 6 anos

Uma auxiliar financeira foi dispensada por justa causa em razão de ter postado no Facebook que estava "cansada de ser saco de pancada do chefe, só Pq ele está sem grana, conta negativa!!! E a pessoa se diz pastor evangélico, só se for do capeta".

As mensagens trocadas com um amigo vazaram e foram enviadas para diversos empregados da empresa, chegando, inclusive, ao conhecimento do chefe da auxiliar, que exercia a função de pastor. Em decorrência de tal fato, a empregada foi dispensada por justa causa por ato lesivo da honra e boa fama e por mau procedimento.

Pleiteando a reversão da justa causa aplicada pelo escritório de advocacia, onde trabalhava na área financeira, a empregada afirmou que postou as mensagens de descontentamento com o chefe em rede social. Todavia, alegou que não mencionou nomes e, além disso, trabalhava de forma autônoma para seu tio, segundo ela, a quem se referia nas mensagens enviadas pela rede social.

Em sua defesa, a empresa alegou que era de conhecimento de todos no local de trabalho que o superior hierárquico da auxiliar financeira, em relação a quem ela postou em rede social ser pastor "do capeta" e estar "sem grana", exercia a função de pastor. Relatou ainda que a empregada agrediu verbalmente uma colega de trabalho, por ter concluído que havia sido ela quem disseminara as mensagens enviadas pelo Facebook. E ainda que a situação financeira da empresa foi exposta.

Inconformada com a decisão de 1º grau que julgara os pedidos improcedentes por considerar que a conduta inadequada da empregada "abalou a confiança da empregadora", a auxiliar financeira interpôs recurso ordinário.

No acórdão, de relatoria da desembargadora Maria de Lourdes Antonio, a 17ª Turma ponderou que, apesar de a trabalhadora não ter "declinado nomes em seu comentário na rede social", a partir do depoimento da testemunha da ré, foi possível constatar que aquele era seu único emprego, cujo sócio era pastor. Acrescentou ainda que a auxiliar financeira não comprovou que trabalhava em outro local, "o que sequer é factível", referindo-se ao tempo disponível, tendo em vista a jornada de trabalho cumprida no escritório.

Para os magistrados, o teor do comentário postado na rede social, especificamente o trecho "ele está sem grana, conta negativa", demonstra que se trata de informação que guardava relação com as funções de auxiliar financeira, que a trabalhadora desempenhava junto à empresa.

Pelo exposto, a 17ª Turma entendeu que foi praticado ato lesivo da honra e da boa fama de seu superior hierárquico. E que, por conta da gravidade da conduta, considerou que a justa causa é tão notória no caso que não há motivo de exigir-se do empregador aplicação de outras penalidades anteriores. Por conseguinte, manteve a decisão de primeiro grau.

Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (1001196-90.2016.5.02.0019)

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11 Comentários

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Nessa o empregador teve razão, não há o que argumentar continuar lendo

É o que acontece ,quando se usa a Internet ,para destilar desaforos e outras bobagens! continuar lendo

Pelo jeito, as redes sociais deveriam estar atrapalhando a produtividade dela, deve ter tomado umas broncas no âmbito profissional, levou pelo pessoal e toma! continuar lendo

Boa tarde.
Quer dizer que "fuxico" digital dá justa causa?
Se houvesse existido o comentário de forma verbal, o ouvinte gravasse a conversa e disseminasse na rede... seria crime a fofoca?
Fiquei na duvida: Quem atentou contra a honra? Ela que escreveu ou "amiga da onça" que jogou para o mundo? As duas, sendo funcionárias da mesma empresa, não deveriam ter sido punidas?
Se alguém quiser dar uma luz, agradeço.

Um abraço. continuar lendo

ela só passeou pelos infringimentos do artigo 482 da CLT, só isto! continuar lendo

Prezado Marcelo,

Concordo plenamente com seu pensamento.

Sds, continuar lendo

Boa noite Marcelo,
Os tribunais tem cada vez mais reconhecido que o que se diz e até o que se curte nas redes sociais podem ser motivos de punição no emprego. Ela "falou mal" do chefe, e neste caso da empresa onde trabalhava, por isso a punição.
Quanto à punição à outra empregada, não se tem como saber se houve, pq a ação diz respeito a uma delas. A outra pode até ter sido demitida, mas ai o processo seria outro. continuar lendo